As últimas tendências do mercado de consumo no Brasil mostram que estamos diante de um novo mercado, muito diferente do que havia há poucos anos atrás. Não estamos falando de tendências comportamentais, de preferências do consumidor, mas sim de tendências estruturais. Ou seja, tendências que vão persistir e moldar o futuro.
1. Envelhecimento da População
O Brasil não é mais um país de jovens. O envelhecimento da população é um assunto que vem sendo mencionado há muito tempo como uma das tendências demográficas mais importantes. É um fenômeno mundial. O que tem de novidade importante no Brasil é o dado assustador revelado pelo novo censo.
A taxa de envelhecimento da população é muito maior do que se esperava. Enquanto que o crescimento populacional médio no país é de 0,5% ao ano, a taxa de crescimento das pessoas com 60 anos ou mais é 2,97% ao ano. Ou seja, o aumento de pessoas com mais de 60 anos é seis, isso mesmo, seis vezes superior à média geral. Resumindo, temos um envelhecimento acelerado.
Claro está que em poucos anos o mercado terá que se adaptar a esta realidade. Para o shopping center esta tendência vai trazer fortes implicações na linha de produtos, no lazer, na arquitetura e em todos os demais elementos do negócio de shopping center.
2. Comércio Eletrônico
Outra tendência relevante para shopping centers é o contínuo crescimento do comércio eletrônico. Os resultados de dois gigantes do setor, Mercado Livre e Amazon, se contrapõem com força aos resultados fracos, e até negativos, de muitas empresas de varejo tradicional.
Porém nada mais enganoso do que entender que o comércio eletrônico cresce tão fortemente ao se olhar o desempenho de empresas individuais. O fato é que o comércio eletrônico no Brasil não está muito distante da tendência geral do varejo. Segundo dados da consultoria Nielsen, o comércio eletrônico esteve estagnado em 2022 e com retração em 2023.
Além disso é preciso notar que o grande volume do comércio eletrônico situa-se nas categorias de eletrodomésticos/eletrônicos, telefonia, casa/decoração e informática. São categorias que sim se encontram no shopping center, mas com importância secundária. A categoria “moda e acessórios” que é o núcleo do shopping representa apenas 4% do comércio eletrônico.
Resumindo, o comércio eletrônico não é o grande concorrente do shopping center. E em muitos casos, inclusive, é um aliado do shopping, em virtude das várias formas de complementaridade que passaram existir no varejo multi-canais.
Para a gestão de shopping, o importante é acompanhar o comportamento do consumidor e saber quantificar até que ponto o comércio eletrônico está impactando cada shopping individualmente, o seu shopping. A influência existe mas o verdadeiro impacto pode ser muito diferente do que aparece, de forma generalizada, na imprensa. A palavra-chave para conviver com esta tendência é monitorar o mercado, o seu mercado, do seu shopping, da sua área de influência.
3. O Varejo no Cenário Econômico
O pano de fundo para o faturamento do shopping é, naturalmente, o desenvolvimento econômico. Só uma economia pujante traz renda e e capacidade de compra para o consumidor.
Neste aspecto as perspectivas do Brasil são muito modestas. Há consenso entre os economistas que o crescimento do PIB entre 2024 e 2027 será em torno de 2% ao ano. Mas, para criar riqueza, o Brasil precisa do dobro disso: 4% ao ano.
Para o setor de shopping center este é um dado determinante. Porém o que é verdade na média da economia pode não ser verdade na área de influência do shopping. O shopping pode estar enfrentando um mercado ainda mais adverso. Ou mais favorável do que a média nacional.
O mesmo raciocínio de contrapor os valores locais à média nacional se aplica ao varejo. Uma coisa é a média do varejo, outra coisa é o varejo setorial de shopping centers. A pesquisa nacional do comércio mostra que a média nacional esteve estagnada em 2021, 2022 e teve leve desaceleração em 2023. São quase três anos de recessão no varejo
Transportando-se para o comércio específico de shopping centers o cenário é outro. A média geral inclui muitos dados que não se aplicam ao negócio de shopping center. Quando se analisa o desempenho das vendas de um shopping, sem a devida contextualização (local e setorial), a interpretação é equivocada. Leva a conclusões muito distorcidas. É preciso que shopping saiba interpretar suas vendas no contexto de mercado específico, tanto do ponto de vista local (área de influência) como setorial (varejo de shopping). Só com este dado poderá navegar nas águas do crescimento econômico incerto que vem pela frente.
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